Graças a esta mulher determinada, o Brasil é hoje o segundo maior
produtor de soja do mundo e isto sem fazer uso de qualquer aditivo
químico. Foram as descobertas da Drª Johanna que permitiram a fixação de
nitrogênio por bactérias na plantação de soja. Com isso, o Brasil deixa
de importar, por ano, o equivalente a mais de dois bilhões de dólares
em adubos nitrogenados. Seus estudos com
a fixação de nitrogênio por bactérias também foram a chave para a
criação do PROALCOOL, reforço inestimável para a desenvolvimento de um
combustível menos poluente e menos agressor do meio ambiente.
Nascida em 1924 na cidade de Aussing, Alemanha, Johanna Dobereiner viveu
em Praga, Tchecoslováquia, até a Segunda Guerra Mundial, quando deixou o
país como refugiada. Durante três anos, primeiro na ex-Alemanha
Oriental e depois na ex-Ocidental, trabalhou no campo, adquirindo seus
primeiros conhecimentos em agricultura.
Em 1950, graduou-se
pela Faculdade de Agricultura da Universidade de Munique, emigrando em
seguida para o Brasil. Logo ingressou no Ministério da Agricultura, para
trabalhar como pesquisadora em Microbiologia de Solo.
Brasileira naturalizada, ela desde que chegou ao país viveu em
Seropédica, a 47 quilômetros do Rio. Lá, trabalhou no Centro Nacional de
Pesquisas em Agrobiologia da EMBRAPA, a Empresa Brasileira de Pesquisas
Agropecuárias, até sua morte.
O orientador de seus primeiros
trabalhos foi Álvaro Fagundes, responsável por seu aprendizado das
técnicas básicas da especialidade.
A partir do final da década
de 50, publicou uma série de trabalhos sobre o enriquecimento seletivo
de bactérias fixadoras de nitrogênio em plantações de cana-de-açúcar, e
descreveu uma nova bactéria fixadora de nitrogênio, a Beijerinckia
fluminensis. O grupo que dirigiu na Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro iniciou, em 1963, um extenso programa de pesquisas sobre vários
aspectos da fixação biológica do nitrogênio por plantas cultivadas,
acumulando dados e resultados que indicam a superioridade desses
recursos naturais sobre a utilização de fertilizantes minerais.
Obteve grau de Mestre pela Universidade de Wisconsin, EUA, em 1963, e
nos dois anos seguintes fez cursos sobre Microbiologia do Solo na
Universidade da Flórida e em Santiago do Chile. Por ocasião da
introdução do cultivo da soja no Brasil, no início da década de 60,
tomou posição em favor do aproveitamento das associações entre a planta e
bactérias fixadoras de nitrogênio, opondo-se à utilização obrigatória
de adubos nitrogenados. A adoção desta linha de pensamento resultou, ao
longo dos anos seguintes, numa considerável economia de divisas para o
país.
Em 1974, descreveu a ocorrência de uma associação entre
bactérias do gênero Spirillum (mais tarde reclassificadas como
Azospirillum) e gramíneas. As possibilidades abertas pelo achado em
relação à atividade agrícola do terceiro mundo motivaram a criação do
Programa de Cooperação Internacional em Fixação de Nitrogênio nos
Trópicos, sob sua coordenação.
Seus trabalhos no campo da
microbiologia do solo tiveram reconhecimento internacional, tanto assim
que em 1997 ela foi indicada para o Prêmio Nobel. Membro titular da
Academia Brasileira de Ciências e da Academia Pontifícia de Ciências, do
Vaticano; a pesquisadora recebeu diversos prêmios ao longo de sua
carreira.
Fonte: FAPERJ
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