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domingo, 26 de janeiro de 2014

Viviane: negra, baiana e cientista reconhecida

Fonte: Jornal A Tarde - 24/01 - B10
Matéria de Meire Oliveira


Viviane dos Santos Barbosa, 36 anos, desenvolveu produto que reduz emissão de gases poluentes

"Não saber as coisas me incomoda". Esta afirmação sempre norteou a trajetória da baiana Viviane dos Santos Barbosa, 36 anos, que venceu a concorrência com 800 trabalhos científicos em conferência internacional na Finlândia.

Talvez o costume na infância de misturar o sumo de vários tipos de folha, derramar uma lata de óleo numa caixa de sabão em pó e o encantamento pelas experiências do pai com equipamentos eletrônicos já indicavam o caminho que seguiria.

"Estava no fundo da plateia, sem esperança, quando chamaram meu nome", contou.
Confinada de seis a oito horas em um laboratório da Delft University of Technology, na Holanda, Viviane desenvolveu catalisadores (substâncias que aceleram e melhoram o rendimento das reações) a partir da mistura dos metais paladium e platina.

"Os catalisadores existentes funcionam em altas temperaturas. Consegui desenvolver produtos que funcionam em temperatura ambiente e reduzem a emissão de gases tóxicos", relata.

O trabalho da mestre em engenharia química é na área da nanotecnologia. Trata-se de um ramo da ciência que consiste na manipulação de átomos e, a partir desse controle, realizar novas ligações entre eles, criando novas substâncias, estruturas e materiais.

"A aplicação é múltipla. Na saúde, com novas drogas, vacinas, melhoria de produtos; na informática, condensando mais informações em menores espaços, dentre outros", explicou o doutor em ciência e engenharia dos materiais e coordenador do Grupo de Nanotecnologia da UFBA, Márcio Nascimento.

O contato coma ciência começou com o pai Florisvaldo Barbosa,morto há cinco anos, que nunca ficava sozinho na manipulação de aparelhos como rádio e televisão. "Ele era muito inteligente, adorava radioamadorismo e encantava os filhos com isso", contou Nilza dos Santos Barbosa, 59 anos, mãe de Viviane e professora de português.

Assim, química foi a opção no Cefet (atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – Ifba) e no vestibular da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O tempo na instituição foi de apenas dois anos, mas o suficiente para Viviane sobressair-se. "Sua inteligência e dedicação são marcantes", disse Jailson Bittencourt, doutor em ciências em química analítica e inorgânica e coordenador do grupo em que Viviane foi bolsista na Ufba.

Mudança 

Em meados da década de 90, por conta da insatisfação com o trabalho administrativo na Petrobras e do casamento com um holandês, Viviane saiu do Brasil. "Pedi demissão e fui. Lá, entrei no curso de holandês e aprendi inglês sozinha", contou. Ainda pela inquietude nata, resolveu ultrapassar mais um obstáculo e venceu 90 candidatos estrangeiros para quatro vagas na universidade em Delft, passando em primeira colocação.

"No início, achavam que eu não conseguiria e colocaram várias dificuldades. Nas aulas, notava que as explicações dos professores eram superficiais, como se eu não pudesse dominar o assunto.

Mas encarei tudo isso como um desafio a ser superado". Assim ela concluiu a graduação e ingressou no mestrado.

O exemplo dos pais e a infância difícil serviram de estímulo.

Aos 3 anos, Viviane já sabia ler. Um ano depois, no segundo dia de aula na Escola Marquês de Abrantes (Barbalho), foi logo transferida da alfabetização para a 1ª série do ensino fundamental. A fama de aluna exemplar seguiu Viviane por toda a vida escolar.
"Sempre fui muito curiosa e queria entender o porquê de tudo", disse.

As notas azuis nos boletins amenizavam outra característica: a personalidade forte.

"Ela é danada e sempre a líder da turma. Sempre foi politizada, envolvida com as questões sociais, como o combate ao racismo", conta a mãe."Faz parte contestar. No Cefet e na Ufba, fui do diretório acadêmico, do diretório central dos estudantes, das passeatas contra o aumento da passagem do ônibus", listou.

A mãe da pesquisadora também lembra as travessuras, como o pedaço de madeira que Viviane e os irmãos levavam para a escola em dia chuvoso. "Eles desciam a Ladeira da Água Brusca no meio do aguaceiro derrapando".

Yi So-yeon


Yi So-yeon nasceu em 1978, em Gwangju, na Coréia do Sul. Cientista e primeira astronauta sul-coreana.
Frequentou o Instituto de Gwangju, mais tarde obteve um bacharelado e mestrado em engenharia mecânica, no Instituto Coreano Avançado de Ciência e Tecnologia (KAIST), uma das melhores universidades da Coréia do sul, em Daejeon, cidade localizada no centro do país.

No ano de 2006 a Coreia do Sul realizou com a Rússia um acordo comercial para enviar astronautas coreanos nas missões espaciais russas. No final desse ano, depois de uma exaustiva seleção entre 245 pessoas, So-yeon foi candidata para participar do voo espacial organizado pela Agencia Espacial Federal Russa. Viajou a Rússia para fazer um curso de capacitação no Centro de Treinamento de cosmonautas Yuri Gagarin, perto de Moscou.

De volta a seu país, So-yeon decidida e entusiasmada com o treinamento, seguiu estudando e se doutorou em fevereiro de 2008 em sistemas biotecnológicos, pois estava se preparando para a viagem espacial. Com efeito, em abril de 2008, a valente So-yeon, de 30 anos, foi lançada ao espaço a bordo da nave Soyuz TMA-12 junto aos astronautas russos. Converteu-se na primeira pessoa sul-coreana a viajar ao espaço.

Para Soy-yeon, engenheira de biossistemas, não foi fácil a vida espacial: sofria dores na costa, de cabeça e muitas náuseas. Ela não formou parte da tripulação, mas viajou como participante espacial, isto é, ela precisava trabalhar e trabalhar. Ela realizou dezoito experiências científicas, no espaço, para o Instituto de Pesquisa Aeroespacial da Coréia do Sul (KARI), entre elas o comportamento de moscas em microgravidade, o crescimento de plantas e as mudanças causadas pela falta de gravidade em seu coração, olhos e face.

Depois do seu voo, So-Yeon começou a trabalhar como investigadora no Instituto Coreano de Investigações Aeroespaciais (KARI) e é embaixadora da companhia viajando pelo mundo para incentivar as jovens a seguir a carreira de ciências.

Em outubro de 2008 participou da inauguração do Instituto Internacional de Comercio Espacial (CSII), na cidade de Douglas, na ilha de Man. Esta ilha está situada entre Inglaterra e Irlanda do Norte.

Pelos seus trabalhos e investigações, em maio de 2011, a revista Cientifica Asiatica catalogou a So-yeon Yi como um dos 15 melhores cientistas asiáticos. 

Traduzido do Mujeres que Hacen la Historia

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Aesara de Lucania


Matemática e filósofa do século III A.C., foi uma das últimas alunas da escola pitagórica. Vivia na Magna Grécia, nome dado na Antiguidade ao território ocupado pelos gregos ao sul da Itália e Sicilia, aonde fundaram cidades que mantinha relações comerciais com a metrópole. Lucania era uma dessas cidades.

Na escola pitagórica havia cerca de trinta mulheres, estudantes e professoras, que se dedicavam ao estudo da ciência matemática, porém todos os trabalhos que se produziam se consideravam propriedade comum, e não havia um autor individual. Essa escola permitia as mulheres ingressar na corrente filosófica e matemática do momento, ainda que não pudesse tomar parte da vida política. A principal discípula e companheira de Pitágoras foi Theano.

Aesara formou parte dos últimos grupos filosóficos de Pitágoras. Seus estudos incluíam Geometria, Aritmética, Música. Seguindo aos ensinamentos do filósofo, aprofundou seus conhecimentos na metafísica, no ser humano e natureza.

Aesara escreveu: “Sobre a natureza humana”, na qual refletiu sobre os princípios éticos, a lei e a justiça.


Traduzido do Mujeres que Hacen la Historia

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Por que uma página sobre mulheres na ciência?


Hoje faz um ano que a página do FB Mulheres na ciência foi criada (obrigada a todos que curtiram a página). E por quais motivos criamos uma página para falar exclusivamente sobre mulheres na ciência e tecnologia? Bem, nós criamos porque existiram mulheres cientistas ao longo da história, mesmo com as barreiras impostas em cada período, e elas não devem permanecer esquecidas. Suas biografias, inclusive as das cientistas negras, devem ser resgatadas para corrigirmos essa “invisibilização” que é, segundo Eulália Pérez Sedeño, uma distorção histórica. Nós também criamos a página para divulgar as mulheres cientistas de hoje com o objetivo de (juntamente  com as cientistas de outras épocas) inspirar garotas à seguirem uma carreira na ciência, lutando assim contra a segregação horizontal, ou seja, contra os mecanismos que fazem com que as escolhas de carreiras tenham por base o sexismo.

Durante esse um ano de Mulheres na ciência deparamo-nos com cientistas que não tiveram o seu nome reconhecido nas pesquisas, alguns dirão que isso aconteceu e acontece o tempo todo na ciência com os homens e é verdade (e injustiça), entretanto, essa exclusão que aconteceu com muitas cientistas do passado foi, sim, apenas pelo fato de serem mulheres e o resultado disso é essa “invisibilidade” de mulheres importantes na história da ciência. Durante a existência dessa página descobrimos cientistas que recebiam mal ou nada para trabalhar nos laboratórios, mas que não desistiram da sua paixão. Segundo Londa Schiebinger, a participação de mulheres na ciência foi marcada por ausências e presenças. Durante os primeiros anos da Revolução Científica, mulheres envolveram-se com trabalhos ditos como científicos, ao lado dos seus filhos, pais, irmãos ou maridos cientistas. Entretanto, houve a institucionalização e profissionalização da ciência e a separação entre o privado e público, dessa forma, a participação das mulheres ficou mais restrita. Durante muito tempo, com exceções, as mulheres não puderam ser nem auxiliares no desenvolvimento de pesquisas, já que até recentemente eram impedidas de frequentar as instituições de ensino superior, pois elas tinham como obrigação o cuidado do lar, filhos e marido.  

Durante esse um ano de MC também encontramos descobertas interessantes feitas por mulheres na ciência: ontem e hoje, brasileiras ou não.

Durante esse 1 ano nos deparamos com uma imensa dificuldade de encontrar informações de cientistas importantes e negras, mas sabemos que elas existem, tem a Mae C Jemison,  Sônia Guimarães, Patricia Bath, Annie J Easley. Em 2014 iremos fazer o possível para aumentar o número de mulheres negras nas postagens de Mulheres na ciência, afinal, o racismo é tão nocivo quanto o sexismo.

Mulheres como HypatiaEmmy NoetherLise MeitnerCaroline Herschel, foram importantes para o desenvolvimento cientifico. Evidentemente, essas mulheres, na maioria das vezes, eram filhas, esposas de cientistas, pertenciam às classes nobres ou burguesas, eram de famílias que aceitavam a educação de mulheres, foram criadas em um ambiente que as permitiram superar os obstáculos da época. Hoje ainda existem desigualdades na participação das mulheres na ciência (das quais falarei em um post futuro), mas a questão é: as mulheres podem ser cientistas, caso queiram. As mulheres são tão capazes quanto os homens. Basta ler as biografias das mulheres cientistas neste blog para perceber isso.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Mary Somerville



Nascida na Escócia em 1780, matemática, astrônoma, geógrafa, escritora e divulgadora das ciências. Seu interesse pelas matemáticas começou ao escutar o tutor de seu irmão, o qual a animou a estudar também álgebra e a leitura dos clássicos.

Mary se casou aos 24 anos com Samuel Greig, capitão da marinha russa; três anos depois ela ficou viúva, com dois filhos e com independência econômica, que ela aproveitou para continuar estudando matemática e os principios de Newton.

Em 1812 se casou com o médico William Somerville, o qual compartilhava com Mary o interesse pelas ciências. Em 1816, mudou-se para Londres, no qual Sommerville foi nomeado Inspetor do Conselho médico da Armada. Ali frequentaram os cientistas e matemáticos mais importantes da época: Mary conheceu Charlles Babbage que estava construindo sua maquina analítica e a Ada Byron, a quem animou a continuar estudando, sendo sua mentora.

Mary traduziu a Mecânica Celeste de Laplace, na qual expôs com detalhes a matemática usada pelo cientista, desconhecida na Inglaterra. Ela escreveu livros sobre astronomia, sobre a superfície irregular de Urano e a possível existência de outro planeta, que levaria a descoberta de Netuno. Também inventou o uso comum das variáveis algébricas (X Y Z).

Mary Somerville foi eleita em 1835 junto a Caroline Herschel, como membro honorário da Sociedade Astronômica Royal, sendo as primeiras mulheres a receber tal distinção.
Em 1838 ela se mudou para Itália, ela continuou escrevendo e recebendo distinções e reconhecimentos por sua obra. Recebeu a Medalha de Ouro da Sociedade Real Astronômica. Foi uma entusiasta partidária da educação das mulheres e do Sufrágio feminino. O colégio Somerville de Oxford foi batizado com seu nome em 1879, um colégio de mulheres.

Mary converteu-se em uma das mais destacadas cientistas de seu tempo. Suas obras “O mecanismo dos céus” (1831) e “Geografia física” (1848) foram seus textos mais bem-sucedidos e usados até o início do século XX em escolas e universidades, por sua divulgação do pensamento cientifico.

Mary Somerville trabalhou de forma incansável até a sua morte em 1872 na Itália, aos 92 anos de idade.

Traduzido do Mujeres que Hacen la Historia

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Caroline Herschel



Ela nasceu em 1750 em Hannover, Alemanha. Matemática e astrônoma autodidata. Mudou-se para Inglaterra aos 22 anos como ajudante de seu irmão William Herschel, o qual trabalhava para o rei Jorge III da Inglaterra.

William – astrônomo famoso que descobriu em 1781 o planeta Urano – forneceu informações científicas a Carolina, e ela, como sua assistente, realizou os cálculos matemáticos e observações astronômicas.

Em 1786 Carolina teve um pequeno observatório próprio e se dedicou a busca de cometas e nebulosas: foi a primeira mulher a descobrir um cometa, que foi conhecido como “o primeiro cometa feminino”. Detectou 8 cometas no total.

Foi a primeira astrônoma profissional da corte e o rei Jorge III lhe outorgou um salário anual como ajudante de seu irmão, o que lhe permitiu independência econômica. Realizou um índice dos trabalhos do astrônomo real Johan Flamsteed (1646-1719), e preparou os 8 volumes do livro de seu irmão.

Quando seu irmão morreu, Carolina voltou a Hannover em 1822, continuando com suas observações; publicou o “Catálogo de 1500 Nebulosas descobertas pelos Herschel”, pelo qual recebeu uma medalha de ouro da Sociedade Astrônomica Royal; Anos mais tarde, essa sociedade a nomeu Membro Honorário junto a Mary Somerville, sendo as primeiras mulheres a receber este titulo. Em 1846 o rei Federico Guillermo IV da Prussia, outorgou-lhe a medalha de ouro de ciências.

Ela trabalhou durante 50 anos a sombra de seu irmão mais velho, William, e ela deixou escrito, com humildade, que foi treinada para ser assistente, não astrônoma.

Carolina Herschel morreu em Hannover em 1848, aos 97 anos, e, por suas observações, foi gravada como a mulher que mais contribuiu com o avanço da astronomia.


Traduzido do Mujeres que Hacen la Historia