"A diferença entre um cientista e um não cientista é que nós temos uma curiosidade mórbida. A gente não se satisfaz só de olhar e de observar. Você quer saber como é por dentro, como é que funciona, por que é daquele jeito, como é que poderia ser diferente" - Mayana Zatz
Mayana é uma bióloga e importante geneticista. Ela é professora de Genética Humana e Médica do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Ela é diretora do Centro de Pesquisas do Genoma Humano e células-tronco e Instituto de células-tronco em doenças genéticas. Mayana também participou da elaboração da Lei da Biossegurança, bem como argumentou para que a mesma fosse aprovada em 2005.
Mayana nasceu em Tel Aviv, Israel, em 1947, porém mudou-se com a família para a França durante a infância, e, em 1955, chegou ao Brasil.
Desde a infância interessou-se por Biologia e começou a dirigir preferencialmente sua atenção para este campo ainda no curso primário. Em 1967 teve seu primeiro contato com a Genética Humana, durante um estágio de dois meses, sob a orientação do Dr. Oswaldo Frota-Pessoa. O incentivo que recebeu deste grande Mestre nesta ocasião, que lhe mostrou as perspectivas de pesquisa neste campo, levaram-na a optar por esta especialidade dentro da genética.
Em julho de 1968, ainda como aluna de graduação, iniciou seu trabalho de pesquisas no Laboratório de Genética Humana do Departamento de Biologia do IBUSP, sob a orientação do Dr. Frota-Pessoa. Defendeu seu Mestrado, em 1970, em distrofias musculares progressivas.
De 1975 a 1977 realizou seu pós-doutoramento na Universidade da Califórnia (UCLA), em genética de doenças neuromusculares, sob a orientação do Dr. Michael M. Kaback e Dr. David Campion, de quem recebeu grande incentivo para continuar esta linha de pesquisas.
De volta ao Brasil, em fins de 1977, implantou aqui as novas técnicas aprendidas nos Estados Unidos, montou um laboratório de pesquisas em miopatias hereditárias, e começou a orientar alunos de Mestrado e Doutorado.
Em 1981, fundou a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTROFIA MUSCULAR ou ABDIM, com a finalidade de lutar para melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados por distrofias musculares e seus familiares. Hoje, a ABDIM atende mais de 100 crianças afetadas por distrofias, a maioria carentes, que são trazidas até a Associação, com transporte próprio ou com ônibus da USP.
Em 1989, implantou a tecnologia de Biologia Molecular no Centro de Miopatias com a colaboração da Dra. Maria Rita Passos-Bueno e Mariz Vainzof, o que permitiu um salto qualitativo no estudo das miopatias hereditárias. Com a implantação destas novas técnicas tem sido possível realizar pesquisas correlacionando o genótipo e o fenótipo (a nível molecular, proteico e quadro clínico) o que é fundamental na compreensão dos mecanismos moleculares responsáveis pelas doenças genéticas. Além da publicação de algumas dezenas de trabalhos científicos esses achados tem sido fundamentais na prevenção de novos casos através da identificação de casais em risco, e diagnóstico pré-natal.
Desde o início da carreira publicou mais de 100 trabalhos científicos, orientou 12 teses (8 de Mestrado e 4 de Doutorado) e atendeu mais de 11.000 pessoas pertencentes a famílias afetadas por neuropatias hereditárias. Ela ganhou prêmios importantes, como o Prêmio de apoio à pesquisa - Muscular Dystrophy Association - USA - 1986; Prêmio L'Oreal para Mulheres na Ciência - UNESCO - 200, o TWAS Prize in Basic Medical Sciences - Third World Academy of Sciences (TWAS) - set/2003; o Prêmio Faz a Diferença (área de Ciência), O Globo, em 2005; o Prêmio México de Ciência e Tecnologia 2008, em 2009; Prêmio Walter Schmidt em 2009.
Mayana também ganhou uma condecoração: Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico e Tecnológico - Presidencia da República do Brasil - ago/2000. Além de receber uma Medalha de Mérito Científico e Tecnológico do Governo do Estado de São Paulo em 2000.
Neste vídeo Mayana Zatz dá uma entrevista para o programa da Poli, vale a pena assistir!
Fonte: Academia Brasileira de Ciências
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